Existe Machismo no RPG de Mesa?

Amanhã, 08 de março, Dia Internacional Da Mulher - data que já comemora seus 164 anos mas... embora a equidade de gênero tenha evoluído, estamos ainda muito longe de mundo ideal. E o que isso tem haver com o nosso hobby, o RPG de mesa? 

Eu sempre acreditei que o RPG fosse um ambiente seguro para TODOS e TODAS (não, eu não uso pronomes neutros...), um hobby onde qualquer pessoa, de qualquer gênero, idade, classe social, tribo, enfim, qualquer pessoa seria acolhida e poderia se divertir desbravando mundos fantásticos, participando em segurança de histórias de terror, explorando galáxias longínquas. 

Mas... Esse cenário que eu tinha na cabeça era pura fantasia, literalmente... 

Ano passado (2020), quando estourou a quarentena no Brasil e voltei a jogar e narrar RPG de mesa com a possibilidade das plataformas online. Antes disso, eu joguei RPG presencialmente lá no início dos anos 1990 com um trio de amigos, eu incluso; foi só quando morei em São Paulo, capital, que pude jogar com grupos maiores e nunca estranhei que fossem grupos mistos. Essas mesas de Vampiro: A Máscara eram formadas de homens e mulheres (inclusive, mais mulheres até) e muitos eram homossexuais assumidos - e me perdoe aqui se por não saber as siglas e "nomenclaturas" - a real é que o fato de uma pessoa ser homem, mulher, gay, travesti, trans, nunca fez diferença para mim. Éramos funcionários da já extinta Livraria Cultura e trabalhávamos em um ambiente diverso.

Mas no ano passado eu passei a ter contato com muito mais rpgistas do Brasil todo. Confesso que ao ouvir histórias cabulosas de preconceito, machismo e falando português correto: escrotidão por parte de alguns jogadores e mestres, fiquei enojado.

Mas como dizem "esse não é o meu lugar de fala"... Será que não mesmo?! Mas o que pensei aqui é compartilhar a minha experiência como Narrador, pai de duas meninas, noivo de uma rpgista e cidadão. 

Todas as vezes que você ridiculariza uma "mina" que não manja das regras AINDA na sua mesa de RPG, você está sendo babaca. Todas as vezes que uma jogadora te chama interessada em participar de uma mesa que você vai mestrar e você fica "jogando ideinha", você está sendo babaca. Todas as vezes que você menospreza uma crônica só porque ela está sendo narrada por uma mulher ou despreza um sistema novo só porque foi uma mulher que criou... Isso, aí! Você adivinhou: você está sendo uma babaca!

Isso sem falar de casos em que ouvi de pseudo-mestres de RPG que realizam suas fantasias nojentas narrando cenas constrangedoras e doentias usando unicamente as personagens das jogadoras... Minha opinião sobre o assunto é que se você faz isso, das duas uma, ou você assistiu hentai demais e achou que aquilo refletia alguma realidade doentia e ficou com a sua mente toda bagunçada ou você é maníaco machista e perturbado mesmo... Qualquer que seja a opção PARE DE MESTRAR RPG!

RPG é sobre respeito, inclusão, diversão e contar boas histórias em um ambiente seguro. Mesmo em cenários com temas maduros e pesados tudo deve ser tratado muito bem antes com as pessoas que vão participar, assim ninguém corre o risco de ter um gatilho psicológico (acho que não é bem esse o termo) e saia da mesa traumatizado.. E antes que você pense "ah, mas eu interpreto monstros", isso não é justificativa para ser um monstro na vida real.

RESPEITE! 

Enfim... A ideia desse artigo não é ser um "post lacração" ou "mimimi". Na real, é mais um desabafo mesmo! RPG é um jogo mas seus conceitos básicos de inclusão e equidade podem e deveriam ser aplicados na vida real. 

Aqui eu quero deixar claro o meu respeito, admiração e parabéns à todas as mulheres RPGistas que se mantém resistentes, mesmo com um alguns babacas por aí, que continuam a criar mundos, narrar, interpretar personagens incríveis, desenvolver novos sistemas, artistas e ilustradoras, escritoras e produtoras de conteúdo. 

Vamos todos juntos e juntas por mundo com mais equidade e respeito, TODOS OS DIAS!