KEMINTIRI: A RAINHA DA LISTA VERMELHA | VAMPIRO: A MÁSCARA
A Rainha Negra Da Lista Vermelha
A mera menção do nome de Kemíntiri é capaz de
gerar a comoção da maioria dos Membros da Camarilla, pois ela é a causa da
própria existência da Lista Vermelha ao infiltrar a seita por séculos. Por onde
passa, Kemíntiri deixa um rastro de paranóia em uma busca impossível para
muitos sequer compreender, que dirá empreender.
A Sacerdotisa
Kemíntiri viveu durante o reinado do Faraó Seti
I, pai de Ramsés II. Era uma noviça promissora, tendo uma grande ambição pelos
segredos ocultos do templo de Ísis. Acima de tudo, a sacerdotisa buscava um em
específico: o segredo da vida eterna, que a deusa Ísis usara para preservar a
vida de seu filho, Hórus, que residia adormecido no templo.
Porém, Kemíntiri - apesar de dedicada, fiel e
paciente - se aborrecia com as burocracias do clero. Ela observava as
sacerdotisas mais graduadas e usava disfarces para sabotá-las e ganhar acesso.
Seu intuito era ganhar o favor de Osíris ou Hórus dentro do Templo, mas ao
invés disso o que ela encontrou ali foi algo pior.
O Antediluviano que se passava pelo próprio
deus Set estava presente no Templo para profaná-lo. Para ele, era admirável a
obsessão da bela sacerdotisa em ganhar acesso ao santuário, e a expressão maior
do interesse de Set era uma só: ele iria corrompê-la.
Ele a convence de que havia previsto o
encontro, sem que ela soubesse que ele mesmo havia manipulado os eventos para
tal fim. Prevê ainda que ela seria capturada, mas que isto fazia parte de suas
provações. Por fim, o Deus Vermelho do Deserto promete a Kemíntiri que ele, e não
Hórus, concederia a ela a vida eterna ao final da sexta noite a partir desta,
naquele mesmo templo.
Ao ser capturada, cumprindo o portento de Set,
Kemíntiri é posta em isolamento. No entanto, ela começa um jogo com seu senhor
obscuro, delatando a seus captores suas preocupações sobre as intenções de Set.
Os guardas tomam esta afirmativa como prova de que Set está em movimento contra
os deuses, e decidem despertar Hórus antes do sono. E isso foi, também, uma
manipulação de Set. Em seu templo, Hórus recebe Kemíntiri para separar as
verdades das mentiras de Set.
Ali, Kemíntiri avisa aos membros do Culto de
Ísis sobre a promessa de Set de retornar ao templo. Ela esperava, na verdade,
receber a vida eterna de Hórus, mas sem sucesso. Ao retornar ao templo, ela encontra
as portas em frangalhos e suas irmãs presas: Set voltou para buscar o que lhe
era devido. Kemíntiri tentou fugir, evocando o nome de Hórus, mas foi em vão.
Isto apenas fez com que Set se enfurecesse. Ele a toma violentamente, lhe
concede o Abraço, a faz tomar a vida de todos os membros do Culto, a não ser os
dois últimos, a quem Set ordenou que expulsasse Kemíntiri da ordem. Então,
jurou que todos os seus filhos a perseguiriam até o fim de seus dias.
A Maldita Vida Eterna
Kemíntiri escapou, mas este não seria seu
último encontro com seu senhor obscuro. Antes de ser capturada, ela tentou ter
novamente com o Faraó Imortal, mas Hórus não quis mais recebê-la. Set havia lhe
tirado toda a possibilidade da verdadeira Vida Eterna, ao lado de seu
verdadeiro deus.
Capturada novamente, Kemíntiri passou décadas
sofrendo nas mãos do falso deus-vampiro. Set prometia que o sofrimento a
libertaria das mentiras de Ra, enquanto silenciosamente a sacerdotisa remoía
tudo que havia perdido e jurava vingança.
Eventualmente, ela foi capaz de desenvolver os
dons da vitae o bastante para seduzir um guarda e conseguir escapar de sua
prisão no Labirinto dos Ossos, o Templo Fundador de Set em Túnis, vagando pelo
deserto…
Os
Filhos de Osíris
Entre Túnis e seu destino, em Alexandria,
Kemíntiri encontrou pouca ou nenhuma ajuda. Nem mesmo os inimigos de Set, que
não eram poucos, não queriam desafiar o deus vampiro ao abrigar um conhecido
desafeto. Ao fim de sua jornada, ela foi levada ao encontro de Serethor, cria
de Khenaton, dos Filhos de Osíris - um culto com práticas diferentes porém
similares aos do Culto de Ísis, e com um inimigo em comum, Set. Foi Serethor
quem ensinou a Kemíntiri como ser um Membro: como caçar sem ser vista, como
usar suas Disciplinas, e principalmente como dominar sua Besta, usando a
doutrina que se tornaria a Disciplina Bardo.
Na sombra da sacerdotisa, no entanto, estava
Set. Assim que ela começou a entender a natureza do que havia se tornado, o
Antediluviano caiu sobre os Filhos de Osíris, destruindo a linhagem e matando
Serethor.
O Passar das Eras
Em algum momento durante o primeiro século da
Era Cristã, uma navegação liderada pelo Clã Ventrue parte de Roma para explorar
o Egito. Capitaneada por ninguém menos que Mithras, a expedição resgata
sobreviventes dos Filhos de Osíris. É relatado em textos desgastados pelo tempo
como a Rainha Negra do Nilo - cria desolada de Set dotada de rara beleza
comparável à de Vênus - seduziu Mithras e o convenceu a somar forças. Tamanha
era a paixão entre o matusalém e sua sacerdotisa que um culto se formou ao
redor deles.
O amor dos dois durou pouco, mas deixou pegadas
profundas para o historiador dos Membros talentoso. Eventualmente, Mithras
seguiu para a Europa, enquanto Kemíntiri mais uma vez desaparecia nas areias do
tempo. No rastro de seu desaparecimento, misteriosamente os Filhos de Osíris
sofrem um novo ataque, do qual eles nunca se recuperariam. Até hoje Kemíntiri é
tida como responsável pela queda da linhagem.
Pelo próximo milênio, só saberíamos de
Kemíntiri por rumores. Alguns diziam que ela havia voltado ao Egito, para
atacar aqueles que lhe haviam negado ajuda. Outros dizem que ela foi para o
Oriente, resgatar feitiçaria antiga e incompreensível. Outros ainda juram que
ela partiu para ofensiva atrás do sarcófago de Set, nos desertos.
A verdade é que após o extermínio dos Filhos de
Osíris, Kemíntiri partiu atrás de seu amante. De acordo com as Lhiannan, ela
passou um tempo com Mithras e uma antiga chamada de Anciã. Diz-se que foram os
melhores séculos de sua não-vida. Ali ela teve muitas crias.
Eventualmente, a sede de vingança ultrapassa o
amor que Kemíntiri teve por Mithras, no entanto, e ela abandona as terras
celtas para voltar ao mundo dos faraós. No caminho, seu obstáculo são os
feiticeiros Setitas cultistas de Taweret, cria de Set que pretendem extrair o
sangue de Kemíntiri para estudá-lo. Desta batalha, Kemíntiri escapa para o
torpor, com poucos além de Mithras confiando que ela não estivesse destruídas.
Uma
Nova Estratégia
Seu nome volta a ressurgir no século XIV,
quando Kemíntiri assume a aparência de um capitão de navio mercantil, usando o
disfarce para cruzar a Mesopotâmia, atrás de uma audiência com os Ventrue, seus
maiores aliados até então. Temendo estar sendo perseguida, no entanto, ela
substitui a identidade do ancião Lorde Rimmon e recria os Filhos de Osíris. Ela
afia o que já foi uma seita pacifista em um exército devotado a ela e a causa
de levar guerra aos Setitas.
Até que os anciões Ventrue descobrissem era
tarde: Kemíntiri, assumindo a identidade de Lorde Rimmon, atacou diversos
templos Setitas pela Europa. Paranóicos de que ela estaria abrindo uma ofensiva
contra o Clã, os anciões foram pedir o conselho de Mithras, e alertá-lo sobre a
presença de sua antiga amante. Quando a Lista Vermelha é criada, ela é colocada
no topo dos Membros mais procurados, onde se encontra até hoje.
Membro Mais Procurado
Embora os Ventrue tenham errado sobre as
intenções de Kemíntiri, isso não a torna menos perigosa. A antiga sacerdotisa
tem um grande arcabouço de conhecimento de ordens secretas ancestrais dos
Membros, é uma terrível feiticeira, além do número impreciso de Membros que ela
diablerizou, roubando-lhes a identidade. Ela nutre o rancor conjunto do Clã
Ventrue, do Culto de Ísis e Taweret e dos poucos reformados integrantes dos
Filhos de Osíris. Sua sede de vingança não tem fim e ela aprendeu com seu
senhor a planejar com séculos de antecedência.
Os poucos que tiveram algum contato com ela
relatam sobre sua obsessão em desfazer a perfídia de Set. Kemíntiri pensa que ela,
e apenas ela, tem o direito de se tornar uma verdadeira imortal. Ela busca uma
forma de usar o Feitiço da Vida de Horus em si mesma, purificando a mácula de
Set.
Kemíntiri, Hoje
Em um de seus golpes mais recentes, Kemíntiri
diablerizou e personificou o Justicar Ventrue Michaelis durante a década de 30,
usando sua imensa influência para desviar o capital Ventrue para a criação de
uma rede de ilegal de escavações arqueológicas e comércio de artefatos ocultos.
Kemíntiri manteve o disfarce por mais de uma década até ser descoberta por um
amigo de Michaelis. Ela então desapareceu nas sombras novamente, carregando
consigo um valor inestimável de informações sensíveis da Camarilla. Este crime
fez com que a Lista Vermelha se tornasse pública pela primeira vez desde sua
fundação, criando o cargo de Alastores Vermelhos e causando uma onda de
recrutamento de agentes entre os Arcontes. A rede oculta de ladrões,
traficantes, avaliadores e leiloeiros de Kemíntiri permanece em atividade até
hoje.
Ao contrário da Camarilla, os Setitas pouco
sabem sobre Kemíntiri, para eles, ela é mais mito do que verdade. A Camarilla
acredita que se o Clã das Serpentes descobrir que a Rainha Negra não só existe
como está na ativa, isso causaria grande consternação, pois ela é o membro mais
antigo do clã em atividade, e age contra o interesse dos Hierofantes.
Depois de muitas décadas em silêncio, novos
rumores começam a circular sobre o paradeiro de Kemíntiri. Ela teria sido vista
em Londres, em companhia do Assamita antitribu Monty Coven…
Onde Encontrar Kemíntiri
●
The Kindred
Most Wanted mostra a primeira, carnavalesca versão da história de Kemíntiri,
que muda completamente para o V20. No entanto, considero que o texto da versão
antiga deixa mais claro as motivações e modus operandi da Rainha Negra
●
Dread Names,
Red List traz a versão de onde adaptei este texto.
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